O PSDB escolheu o governador de São Paulo, João Doria, como candidato da legenda para disputar as eleições presidenciais de 2022. Foram computados 25.854 votos consolidados. As prévias do partido aconteceram neste sábado (27) depois de terem sido suspensas no domingo passado (22) após falhas no aplicativo de votação e denúncias de compra de votos, desfiliação de prefeitos e vices e ameaças de judicialização — os episódios acumulados mostram a dificuldade de união e a rivalidade entre líderes tucanos do país.
Durante a tentativa de realizar as prévias no domingo passado, apoiadores de Leite apresentaram uma denúncia de que o grupo de Doria teria filiado 92 prefeitos e vices de forma irregular, com data retroativa, para inflar o colégio eleitoral e, assim, conquistar mais votos. De acordo com a acusação, as filiações teriam ocorrido após a data limite (31 de maio), considerada grave, feita pelos diretórios de Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Ceará.
Eduardo Leite também acusou Doria de compra de votos. “Do outro lado nós vemos isso. Nós vemos, sim, compra de votos, estamos vendo denúncias de pressões indevidas, suspensão de filiações, demissão de pessoas que não apoiam”, afirmou Leite ao chegar à Comissão Executiva Nacional em Brasília na segunda-feira passada (22).
João Doria, por sua vez, negou as acusações e minimizou os ataques do colega gaúcho. “É normal colocações dessa natureza em um processo de prévias, onde a temperatura cresce. Mas colocações feitas ao sabor e ao calor de uma prévia preferimos não levar em consideração”, disse.
Virgílio, que é diplomata e teve mandado de senador por Manaus, correu por fora na disputa. Na manhã deste sábado, ele comentou nas redes sociais que as prévias são a oportunidade para reconduzir o PSDB ao centro das decisões políticas do país. “Hoje teremos um vencedor que contará com o apoio de todos os tucanos. É o fim deste ciclo e o início de outro”, declarou.
Ataques de hackers
O aplicativo de votação rápida que o PSDB utiliza nas prévias recebeu quase 30 milhões de ataques cibernéticos durante a votação das prévias, muitas delas vindas do exterior, segundo a direção da legenda. O presidente da sigla, Bruno Araujo, disse que o partido pedirá investigação da Polícia Federal. Ainda de acordo com os dirigentes do partido, nenhuma tentativa de invasão foi bem-sucedida. A sigla contratou três hackers para defender o sistema de ataques. Os candidatos também têm equipes técnicas que trabalham exclusivamente com a segurança da tecnologia.
Mesmo depois de finalizar as prévias neste sábado (27), com a escolha de um pré-candidato à Presidência da República, o PSDB pode continuar longe de conseguir emplacar um candidato viável para a disputa presidencial de 2022. Em um cenário de polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a chamada ‘terceira via’ tem lançado nomes e o PSDB está entre as legendas que buscam ocupar o espaço entre Lula e Bolsonaro.
Nas pesquisas, entretanto, os possíveis candidatos do PSDB têm desempenho fraco e analistas políticos apontam que o racha interno — agora tornado público, com brigas e acusações entre os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite — impossibilita que a legenda ‘junte os cacos’. Na prática, para os especialistas, o PSDB sai das prévias menor do que entrou.