O empresário diz que soube pela CPI que Covid não constou do atestado de óbito da mãe. Equipe dele, porém, diz que sabia desde abril. Mais cedo, a senadora Eliziane Gama perguntou se Hang fez arrecadação para comprar o chamado ‘kit Covid’, com remédios ineficazes. Ele diz que sim, mas nega que a arrecadação foi feita para distribuir medicamento como política pública.
Em discurso na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, negou nesta 4ª feira (29.set.2021) ter financiado fake News e participado do chamado gabinete paralelo, que supostamente aconselhava o presidente Jair Bolsonaro sobre o tratamento precoce. Esses foram os motivos principais motivos de sua convocação para depor à comissão. Eis a íntegra da fala do empresário (38 KB). “Eu quero afirmar aqui, nesta Casa do Povo, com a consciência tranquila e com a serenidade de quem tem a verdade do lado. Não conheço, não faço e nunca fiz parte .
Conhecido por ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Hang foi confrontado por seu apoio as medidas ineficazes contra a Covid-19, assim como pela divulgação de informações falsas sobre a doença e um suposto apoio financeiro a blogueiros bolsonaristas investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O empresário declarou que não tinha colaborações com o “gabinete paralelo” e que não era um “negacionista”, além de refutar que tenha financiado a propagação de fake news sobre a pandemia. A sessão foi marcada por discussões entre senadores da base do governo Bolsonaro e da oposição. Uma possível ofensa do advogado do empresário ao senador Rogério Carvalho (PT-SE) chegou a causar uma suspensão temporária.
Luciano Hang foi questionado sobre suas relações com o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), o qual descreveu como um colega de Maringá, cidade natal do parlamentar líder do governo na Câmara.
O nome do deputado é frequentemente citado na CPI devido a suspeitas de que ele tenha se envolvido na negociação da Covaxin e da vacina da CanSino.
“Estive com ele [Barros] hoje. O [senador] Jorginho estava comigo. Nós acordamos cedo, tomamos café, estivemos juntos e aparece um monte de gente para me cumprimentar. Foi lá só para me cumprimentar”, descreveu Hang.
Depois, o empresário voltou a responder sobre seus supostos encontros com o chamado “gabinete paralelo”. Uma foto de Luciano no gabinete de crise montado no Palácio do Planalto foi exibida, mas ele não definiu a visita como uma ocasião em que se tratou de Covid-19.
“No Palácio do Planalto, existe uma grande sala com todo mundo trabalhando, captando dados de todo país para resolver o problema. Eu nem sei se o presidente foi lá. Alguém do Palácio levou a gente para visitar esse local”, explicou.
Além disso, Luciano Hang disse ter visto a dra. Nise Yamaguchi “uma única vez” e afirmou “não conhecer” o virologista Paolo Zanotto e o médico Anthony Wong – embora tenha compartilhado vídeos do doutor nas redes sociais.
O relator da CPI Renan Calheiros (MDB-AL) questionou Luciano Hang sobre as negociações da vacina contra a Covid-19 da CanSino. Ele afirmou não ter tido nenhuma relação ou influência no processo.
O imunizante ficou sob suspeita na comissão devido ao processo de negociação com o governo federal assemelhar-se ao caso da vacina indiana Covaxin: houve uma empresa intermediária – a Belcher Farmacêutica – e um preço mais alto por uma dose, de US$ 17, até então o maior dentre todas as vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde.
Hang disse ter conhecido Emanuel Cartori, sócio da Belcher Farmacêutica, apenas em uma live realizada em conjunto com ele.
Questionado sobre sua relação com o presidente da República, Luciano Hang afirmou que nunca se reuniu com Bolsonaro para tratar de assuntos relacionados à pandemia de Covid-19 no Brasil.
O empresário também negou ter financiado quaisquer manifestações governistas, incluindo as de 7 de Setembro.
“Gabinete paralelo”
Luciano Hang é acusado de pertencer ao chamado “gabinete paralelo”, grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro suspeito de aconselhar o presidente em relação à pandemia de Covid-19.
O empresário também foi um dos alvos do inquérito das fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), instituição constantemente atacada por Hang em publicações nas redes sociais e demais declarações.