Foto: Ricardo Stuckert/PR/
A equipe que elabora os discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá um reforço a partir desta quinta-feira, 20, um dia depois de ele agradecer a África “por tudo o que foi produzido pelos 350 anos de escravidão”. A assessora de imprensa da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, passará a “colaborar com a preparação e redação de discursos e falas públicas” no gabinete do presidente.
“A partir de hoje, deixo de responder pela assessoria de imprensa da Janja. Sigo trabalhando para o Gabinete Pessoal do Presidente, mas agora voltando a me dedicar à tarefa de colaborar com a preparação e redação de discursos e falas públicas”, disse Cristina Charão.
Na quarta-feira, 19, Lula esteve em Cabo Verde e, ao lado do presidente do País, José Maria Neves, fez a declaração sobre a escravidão. “Quero recuperar a relação com continente africano porque nós brasileiros somos formados pelo povo africano, a nossa cultura, nossa cor, nosso tamanho é resultado da miscigenação entre índios, negros e europeus”, disse. “Nós temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso País”.
Mudança no gabinete
Cristina Charão trabalhava como assessora de comunicação da primeira-dama desde o começo da gestão, em janeiro. Com a mudança, ela integrará a equipe que elabora os discursos e declarações feitas pelo presidente em eventos, cerimônias, inaugurações e encontros com outros políticos. Ela atuará, especificamente, em situações como a desta quarta-feira, em Cabo Verde.
À reportagem, Cristina afirmou que a informação da mudança foi um comunicado para os colegas da imprensa sobre a troca na equipe de atendimento.
Questionada pela reportagem, a assessoria do presidente negou que a mudança tenha vínculo com o episódio ou tenha se dado com o intuito de evitar futuras gafes por parte de Lula.
Sobre o episódio de quarta-feira, quando Lula se disse “grato à escravidão”, informou que o sentido da fala do presidente “é de compreensão simples para quem não tiver má vontade”.
“O sentido da fala é de compreensão simples para quem não tiver má vontade. Significa que o Brasil tem uma DÍVIDA com a África de gratidão por tudo que o país teve produzido aqui e toda a herança social, cultural e na formação do povo brasileiro. O presidente já falou várias vezes sobre esse tema e tem um longo histórico de ações pela igualdade racial e pela aproximação das relações do Brasil com a África, sendo muito querido no continente, como falou o próprio presidente de Cabo Verde na ocasião”, diz a nota.
Nesta quinta (20), o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, saiu em defesa do presidente. “O que o presidente Lula disse foi: ‘o Brasil tem uma dívida com África e ela tem que ser paga’. E por isso, o Presidente tem insistido – e já falei com ele sobre isso – é que a agenda de direitos humanos com África envolve o chamado direito ao desenvolvimento”, argumentou o ministro