Como parte das ações pelo Maio Laranja, a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) formou 250 jovens do Programa Jovem Aprendiz do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) sobre o abuso e a violação sexual infantojuvenil. A formação teve como objetivo conscientizar os jovens sobre a importância do tema e orientá-los em relação à rede de apoio com a qual eles podem contar em situações de abuso.
O evento ocorreu na tarde de segunda-feira (22), no auditório do Centro Universitário Estácio da Bahia, no Stiep, e contou com a participação da titular da SPMJ, Fernanda Lordêlo; da coordenadora de Infância e Juventude, Dinsjane Pereira; e da gerente de aprendizagem e conteúdos do Ciee, Elaine Bancala, entre outros representantes, mediadores e instrutores.
Fernanda Lordêlo destacou, durante a apresentação, que o país registrou quase 46 mil casos de estupro de vulnerável no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. Desse total, 61,3% das ocorrências foram cometidas contra meninas menores de 13 anos e a maioria deles foi praticada por pessoas conhecidas. Ela lembrou que, apesar de delicado, esse é um tema que precisa ser discutido e orientou também os jovens sobre os órgãos de controle e prevenção aos quais eles podem recorrer em situações como essas.
“É importante que os jovens estejam atentos a essa demanda, porque muitos deles podem visualizar ou saber de abusos, e não saber como proceder. Toda a sociedade precisa estar mobilizada. Nós vimos, recentemente, exemplos de abuso sexual pela internet, com a utilização das redes sociais. Então, o esclarecimento a respeito desses elementos faz com que eles consigam se proteger e proteger amigos e familiares”, afirmou a titular da SPMJ.
Para a gerente de aprendizagem e conteúdos, Elaine Bancala, a formação é uma maneira eficaz de combater o abuso e a violação sexual. “Por mais que seja um assunto que nos causa desconforto e muitas vezes até seja doloroso, precisamos falar sobre ele. Ela é a única maneira que a gente tem de prevenir e de alertar a todos sobre o quanto isso é importante e o quanto o perigo pode estar dentro da nossa família, da nossa casa e do seio familiar”, opinou.
Parceria – A assistente social do Ciee, Elisângela Raimundo, conta que são muitos os casos em que os jovens relatam terem vivido um abuso sexual, muitas vezes em uma situação passada. “Quando a gente identifica essas demandas sociais que comprometem em algum momento o desenvolvimento e a aprendizagem, a gente faz esse atendimento e os encaminhamentos necessários para a nossa rede socioassistencial”, diz.
O Ciee atua em parceria com a Prefeitura, por meio das secretarias municipais da Saúde (SMS) e de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), para encaminhamentos de casos em que os jovens precisam de um acompanhamento social e psicológico. “Os jovens que passam pelo Jovem Aprendiz passam por uma transformação, que envolve não apenas eles, mas todo o contexto familiar, pois eles entram numa situação de vulnerabilidade e saem com um novo olhar para todo o contexto de vida”, acrescenta.
Conscientização – O jovem aprendiz Ricardo Henrique Silva, de 22 anos, vê o evento como uma ferramenta importante de conscientização. “Acredito que todas as pessoas, principalmente menores de idade, têm que ter uma certa consciência sobre isso, até para o conhecimento de eventos passados. Há muitos casos em que a pessoa só descobriu que foi vítima de abuso depois de ter passado por eventos como esse, então acho que é muito importante para o nosso conhecimento e prevenção”, conta.
Jovem aprendiz há oito meses, Vivian Sousa, 22 anos, define a formação como um evento que expande o conhecimento e amplia a visão sobre o assunto. “É muito bom poder ter acesso a essas informações, porque na maioria das vezes a gente não tem orientações tão direcionadas sobre o Maio Laranja. Além de um informativo, funciona como um alerta, pois nunca sabemos onde o abusador pode estar”, lembra.
Reportagem: Priscila Machado/Secom