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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os estados apuram quem está por trás do financiamento e da organização dos bloqueios realizados em rodovias de todo o país desde o último dia 30, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as eleições. Os financiadores dos atos antidemocráticos foram classificados como “criminosos” por três procuradores-gerais de Justiça reunidos nesta terça-feira com o presidente da Corte, Alexandre de Moraes.
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Os chefes dos Ministérios Públicos estaduais de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo fizeram uma reunião de cerca de uma hora com o presidente do TSE. O encontro foi marcado para que seja possível realizar um “cruzamento de dados” a partir de informações coletadas pelos estados. O objetivo é saber quem está por trás da organização dos bloqueios, e mapear o fluxo financeiro que permite a ação.
— Nossa preocupação agora é o fluxo financeiro que está proporcionando bloqueios de estradas, avenidas, e faz com que pessoas possam permanecer em nossas cidades — afirmou o procurador-geral da Justiça de São Paulo, Mário Sarrubo.
De acordo com o chefe do MP de São Paulo, a identificação de empresários que estão patrocinando movimentos “golpistas” já tem ocorrido, e a atuação desses atores tem ocorrido de forma estruturada em todo o Brasil.
— Os movimentos são muito parecidos em todo o Brasil. Há algo em nível nacional. Nós trouxemos algumas informações ao TSE e a gente espera que o Brasil possa prosseguir sem golpe, sem movimentos que possa atacar a democracia — disse.
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Em declaração à imprensa após a reunião, o procurador-geral de São Paulo disse ainda que será apurando se o movimento organizado que começou com as estradas também tem participação nas manifestações realizadas em frente a quartéis do Exército.
— Na nossa visão há uma grande organização criminosa, com funções definidas, tem várias mensagens com números de PIX para que as pessoas possam abastecer financeiramente, e nós temos que definir quem está alimentando. Tudo isso está sendo objeto de investigação para derrubarmos essa organização criminosa — explicou Sarrubo.
Procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo, Luciana Andrade afirmou que também tem sido identificado um movimento, por parte de empresários, de boicote a outras empresas e serviços. A iniciativa foi classificada por ela como “Lista de Schindler”. Segundo ela, trata-se de um “coletivo de criminosos”.
— É algo que cria embaraço à livre iniciativa do comércio e que não víamos há anos, mas modo de proceder bem análogo e bem simultâneo aos bloqueios — afirmou.
Mesmo após o presidente Jair Bolsonaro postar um vídeo pedindo que seus apoiadores liberassem as rodovias no país, manifestantes resistem em vários pontos de bloqueios ilegais. Os bloqueios em rodovias têm sido feitos desde a noite de 30 de outubro, em protesto ao resultado da eleição presidencial, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).