O Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) realizou, de janeiro a agosto deste ano, 58 captações de órgãos (11) e tecidos (47) – número total 23,4% maior que o registrado no mesmo período de 2021. Apenas no mês de setembro, até esta segunda-feira (26), já ocorreram 14 captações de córneas e uma de múltiplos órgãos. Com o objetivo de salvar cada vez mais vidas, a unidade realiza ações frequentes de conscientização sobre a importância da doação de órgãos, em especial durante a campanha Setembro Verde, quando é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos (27/09).
No Brasil, a negativa familiar é a principal razão para a não doação de órgãos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 40% das famílias entrevistadas se negam a doar os órgãos de pessoas que tiveram morte encefálica. No HGRS, esse índice é de, aproximadamente, 35% e vem reduzindo graças ao trabalho da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT).
“Muitas vezes, a negativa familiar está relacionada a desconhecimento do processo, então tentamos desconstruir essa negativa e acolher as famílias. Nos casos de morte encefálica, as famílias são acolhidas desde o início da suspeita e acompanhadas pela equipe da CIHDOTT. Temos também óbitos por coração parado, quando é possível fazer a doação das córneas”, explica Jeane Lima, coordenadora da CIHDOTT do Hospital Geral Roberto Santos.
A fim de ampliar a possibilidade de captação de tecidos, a CIHDOTT tem desenvolvido a cultura de notificação de todos os óbitos no HGRS. A ideia é que a equipe seja acionada sempre que um óbito for registrado no hospital, para que haja garantia do direito de doação nos casos em que não há contraindicação médica.
“Temos feito um trabalho importante de sensibilização com as equipes e coordenações e já observamos um aumento na notificação dos óbitos. É preciso dedicação para reduzir a fila de transplante de córneas no nosso estado”, afirma Jeane Lima.
O processo de doação é iniciado com a identificação de um potencial doador, seja de múltiplos órgãos – nos casos de morte encefálica – ou de tecidos – em óbitos por parada cardiorrespiratória (PCR). A equipe especializada e treinada acompanha a família durante o processo de diagnóstico de morte encefálica, presta apoio emocional e oferece a possibilidade de doação, quando não há contraindicação médica. Apenas após consentimento familiar, é realizada a retirada dos órgãos e tecidos que serão doados.