O embate eleitoral entre o ex-juiz Sergio Moro e o seu ex-padrinho político Alvaro Dias por uma vaga ao Senado pelo Paraná escalou para denúncias mútuas e agora o ex-magistrado e o Podemos ameaçam ir à Justiça.
Moro acusa a antiga sigla de não tomar medidas contra suspeitas de corrupção interna. O Podemos, por sua vez, rebate e diz que Moro beneficiou a empresa de um amigo advogado, que supostamente não teria comprovado os serviços para formulação do programa de governo do ex-juiz à presidência. De acordo com a sigla, o ex-juiz exigiu reembolso do fundo partidário para repaginar o visual com roupas de grife. O partido, no entanto, diz que não fez esse pagamento. A legenda apresentou uma nota fiscal de camisas, calças e bermudas, entre outros itens, que somam R$ 45 mil. O recibo é de uma loja de Alfaiataria em Moema, na Zona Sul da capital paulista.
Moro afirma que condicionou a sua permanência no Podemos à contratação de uma auditoria externa para apurar possíveis irregularidades. Segundo o ex-juiz, o resultado preliminar indicou sólidos indícios, mas o os dirigentes da sigla e Alvaro Dias nada fizeram a respeito, o que o levou a deixar a legenda para migrar para o União Brasil.
“O resultado preliminar indicou a necessidade de aprofundamento, em face de sólidos indícios. O assunto era de conhecimento da alta direção do Podemos e de lideranças como o Senador Álvaro Dias, que decidiram não tomar qualquer medida após o resultado preliminar. Essa é a principal razão que me levou a sair do partido”, disse Moro.
A sigla rebateu com a divulgação de uma nota da auditoria do último dia 30 de agosto. Nela, o escritório responsável pelo serviço informa que a apuração não conclui a ocorrência de atos ilícitos. Ainda assim, a auditoria informa que “foram identificados pontos de atenção e oportunidades de melhoria para o programa de compliance do Podemos”.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o ex-juiz disse ao GLOBO que adotará “medidas judiciais cíveis e criminais cabíveis” contra o Podemos e seus dirigentes envolvidos acusações caluniosas e difamatórias contra ele.
Procurado, o candidato Alvaro Dias disse por um aplicativo de mensagem que não fala a respeito de seus nove concorrentes na eleição ao Senado do Paraná. “Não distingo um dos outros. Por isso não devo participar desse debate que cabe à direção nacional”, escreveu Dias.