Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a convenção do PSB, que formalizou a coligação nacional com o PT e Geraldo Alckmin como candidato a vice, para fazer um apelo para seus apoiadores irem às ruas para ganhar as eleições.
“Nós vamos ganhar tendo coragem”, disse o ex-presidente depois de pedir aos apoiadores que não aceitem provocações.
“Tem gente que acha que eu não devo fazer comício. Tem que fazer em lugar fechado. Daqui para frente é tudo em lugar aberto. Nós temos que ir para rua para mostrar que o povo brasileiro quer democracia de verdade. Nós não podemos ceder a esse fanfarrão”, disse, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.
Ao citar o manifesto pela democracia, que já ultrapassou as 300 mil assinaturas, Lula afirmou que é uma demonstração de que os brasileiros estão saturados das ameaças e rompantes de Bolsonaro, que faz ataques constantes ao processo eleitoral do país.
O discurso foi feito na convenção do PSB, em Brasília –a única dos partidos aliados em que Lula participou, atendendo um pedido do presidente do partido, Carlos Siqueira, e para homenagear seu candidato a vice, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
Fazendo repetidos elogios o ex-governador Lula disse que a dupla realizará a “maior revolução pacífica” do país e que nunca uma chapa teve “tamanha grandeza”, ao somar a experiência de ambos e unir dois rivais políticos de longa data.
Em seu discurso, Alckmin não poupou também críticas a Bolsonaro.
“Hoje é dia de mostrar que estamos unidos, firmes e determinados a livrar o Brasil do fanatismo político, da ruinosa política econômica que pôs o Brasil de volta no mapa da fome, que trouxe de novo a inflação, que empobreceu”, disse Alckmin.
“Não vamos cair no jogo da mentira, não vamos nos render às manhas de um presidente que não quer voltar para casa. É hora de Bolsonaro ir embora por todo mal que causou ao país, é hora de ir embora e, com ele, as ameaças, a bagunça e a incompetência”, acrescentou.
FORÇAS ARMADAS
Em meio a um discurso de defesa da democracia, Lula aproveitou sua fala para dar recados às Forças Armadas, tratadas por Bolsonaro como parte integrante e apoiadora de seu governo.
Lula lembrou que quando venceu as eleições em 2002 teve dificuldade de escolher os comandantes das forças porque “nunca tinha falado nem com um sargento”, mas em oito anos de mandato nunca teve problema com nenhum comandante.
“Porque as Forças Armadas têm suas funções estabelecidas na Constituição. As Forças Armadas nunca perguntam para que e porque da decisão de um presidente da República. Eles cumprem”, afirmou.
“O que precisamos é estabelecer uma relação de respeito, em que cada um cumpra com sua função. E não ter um presidente que trata as Forças Armadas como se fossem um objeto nas mãos dele.”