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Paulista, que tinha sido bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, conquista o título com 46s29, recorde do campeonato e melhor tempo da América do Sul
Depois de ser um dos protagonistas da prova mais rápida de todos os tempos nos 400m com barreiras na final dos Jogos Olímpicos de Tóquio e voltar para o Brasil com um bronze, Alison dos Santos escalou vários degraus nesta terça-feira, 19.07, nos Estados Unidos. No Mundial disputado em Eugene, o brasileiro deixou para trás o americano Rai Benjaim, ignorou a presença do recordista mundial, o norueguês Karsten Warholm, e cruzou a linha de chegada em primeiro com 46s29.
“Falo muito com meu treinador (Felipe de Siqueira). A gente quer ser uma lenda, deixar o nome para daqui a 30, 40, 50 anos, as pessoas se lembrarem do Alison dos Santos, dos 400m com barreiras, do que a gente fez. E tem de começar cedo. Não dá para esperar 2024, 2028. Toda vez que entrar na pista é para deixar o nome na prova”
Alison dos Santos
O norueguês, que liderava a prova, perdeu rendimento na última curva, esbarrou numa barreira e ficou fora do pódio, que se completou com dois americanos. Assim como em Tóquio, Rai Benjamin levou a prata (46s89). A novidade foi Travor Bassit (47s39) cruzar a linha de chegada em terceiro.
“Sabe quando você sonha com alguma coisa, quando você acorda todo dia da sua vida pensando em um momento, no que tem de fazer para alcançar aquilo? Eu estava nessa temporada dessa maneira, sonhando com esse resultado, com essa vitória, com o lugar mais alto do pódio. Eu sabia que era possível”, disse Alison, em entrevista ao Sportv após a prova.
O tempo do atleta de 22 anos e 2,00m de altura é o melhor já registrado na prova na história de campeonatos mundiais. Determina um novo recorde sul-americano. Estabelece a melhor marca da temporada em que Alison lidera o ranking. E permite ao brasileiro sonhar ainda mais alto, inclusive em superar os 45s94 registrados por Warholm na final olímpica do Japão.
“Falo muito com meu treinador (Felipe de Siqueira). A gente sempre conversou de querer fazer história. A gente quer ser uma lenda, deixar o nome para daqui a 30, 40, 50 anos, as pessoas se lembrarem do Alison dos Santos, dos 400m com barreiras, do que a gente fez na pista. E tem de começar cedo. Não dá para esperar 2024, 2028. Essa marca de 45s é possível. Em algum momento 46s foi distante, hoje não é. As portas estão abertas. Se o Warholm corre 45s, eu e o Benjamim também podemos. A pergunta não é nem se é possível, mas quando”, sentenciou.
O resultado em Eugene dá ao Brasil um título mundial que não vinha no atletismo desde a façanha de Fabiana Murer no salto com vara em 2011. A medalha de Alison é a 14ª do Brasil na história dos mundiais, iniciada em 1983, em Helsinque, na Finlândia. O país soma dois ouros, seis pratas e seis bronzes.