Lira reúne Bolsonaro, Moraes, governistas e oposição em jantar para Gilmar

Um jantar realizado na Residência Oficial da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (22) reuniu integrantes dos três Poderes, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O magistrado, relator de inquéritos com Bolsonaro e seus aliados como réus, é um dos principais alvos do presidente.

Este é o primeiro encontro dos dois desde que o chefe do Executivo passou a se queixar publicamente de uma quebra de acordo com parte do ministro, no ano passado -fato que Moraes e o ex-presidente Michel Temer, que presenciou a conversa, negam.

O jantar foi uma homenagem do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), aos 20 anos de Gilmar Mendes na Corte. Além dele, também participaram o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça) e parlamentares da oposição, como o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG).

Segundo participantes do jantar, o presidente do STF, Luiz Fux, não compareceu, assim como os ministros Luis Roberto Barroso e Edson Fachin, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e as ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia.

O ministro Ricardo Lewandowski teria feito discurso em homenagem ao colega de corte durante o jantar, com aceno à democracia, segundo relatos.

Bolsonaro tem lançado dúvida sobre as eleições, insistindo em questionar o sistema de contagem de votos. Nas pesquisas de intenção de voto, o mandatário está em segundo lugar, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Quando questionado se respeitaria o resultado das urnas, caso não indique sua reeleição, Bolsonaro disse, em mais de uma ocasião, que não responderia à pergunta.

Um dos temas recentes de embate entre o presidente e o TSE diz respeito à contagem simultânea nas eleições. Bolsonaro defende que seja feita uma apuração paralela dos votos, mas Fachin já rebateu, alegando que essa contagem já é feita. O ministro ainda afirmou que age por motivação política ou desconhecimento técnico quem questiona o trabalho da Justiça Eleitoral.

O TSE será presidido nas eleições por Alexandre de Moraes, e a tensão entre os dois pode alcançar o seu pico durante o período eleitoral.

O embate começou ainda em 2019, com a abertura do inquérito das fake news, teve picos em 2020, chegou perto de uma crise institucional no 7 de Setembro de 2021, mas deve alcançar seu pior momento neste ano.

Entre aliados do presidente, a notícia-crime de Bolsonaro contra Moraes protocolada em maio no STF e na Procuradoria-Geral da República foi vista como a sinalização do futuro auge da crise, uma vez que é classificado como estratégia para desacreditar o processo eleitoral.

Moraes foi chamado de líder da oposição por Bolsonaro, que também disse que eles teriam feito um suposto acordo, que envolveria aliados bolsonaristas réus em inquéritos sob a alçada do ministro, à época dos atos de raiz golpista de 7 de Setembro.

O ministro não comentou as declarações do chefe do Executivo. Mas o ex-presidente Michel Temer, que presenciou a conversa dos dois após as manifestações, negou o que Bolsonaro tem dito.

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