Um ano após a morte do adolescente João Pedro, de 14 anos, assassinado no dia 18 de maio de 2020 durante uma operação da polícia em uma favela localizada no município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, as investigações acerca do assassinato do garoto ainda não foram concluídas. De acordo com a CNN, a mãe da vítima acredita que a demora seja proposital.
O adolescente foi morto enquanto deixava a casa onde estava com outras cinco crianças, no Complexo do Salgueiro, e que teria sido invadida por policiais civis e federais que participavam de uma operação de combate ao tráfico de drogas na localidade.
De acordo com a polícia, suspeitos teriam invadido o imóvel onde as crianças estavam e trocado tiros com as guarnições. As testemunhas, contudo, negaram a versão dos policiais. A casa em que João Pedro estava pertence aos tios do garoto e teve 72 marcas de tiros encontradas em sua estrutura.
Segundo Rafaela Matos, mãe de João Pedro, o laudo da reprodução simulada ainda não foi concluído e não houve avanço nas investigações. Para ela, a polícia está tentando postergar o inquérito por muitos anos “para não ser feito nada”.
A 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada dos Núcleos Niterói e São Gonçalo, do Ministério Público do Rio, investiga o caso.
O estado do Rio de Janeiro recebeu da Anistia Internacional uma cobrança de atitudes que busquem solucionar o caso envolvendo a morte de João Pedro.
“Mais uma família negra e moradora de uma favela foi destruída pela dor e pela violência do Estado. O governo do Estado do Rio de Janeiro precisa colocar em prática uma política de segurança pública que preserve e garanta o direito básico à vida. Um ano depois da operação, as autoridades responsáveis pelas investigações ainda não concluíram o inquérito policial que apura o homicídio. É urgente que o Ministério Público cumpra o seu papel para realizar uma investigação independente e imparcial”, pontua Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, por meio de nota.
A Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) do Rio de Janeiro informou já ter realizado junto a peritos da instituição e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), no ano passado, a reprodução simulada do caso. O resultado do exame, que deve ser anexado ao inquérito, ainda está sendo aguardado.
Além disso, uma contraperícia de balística nas armas apreendidas durante a ação foi solicitada à Polícia Civil de São Paulo pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público Estadual. O laudo segue sendo aguardado para que haja conclusão do inquérito.
Segundo o MP-RJ, o Relatório Final do Inquérito da Delegacia de Homicídios segue em andamento e a conclusão do laudo continua em andamento, apesar de o âmbito do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que foi instaurado ter sido reconstituído.