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SÃO PAULO, SP, E ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que fica “triste” com a relação entre as Forças Armadas e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em seu discurso em ato em Aracaju (SE), neste sábado (18), o petista fez uma série de críticas a Bolsonaro, citando que o atual mandatário foi expulso do Exército.
“Eu fico triste, [senador Jacques] Wagner, você foi ministro da Defesa. Fico triste quando vejo as Forças Armadas batendo continência para um cara que foi expulso do Exército brasileiro por mau comportamento. Não é possível”, afirmou Lula.
“Ele é de uma geração, e aqui deve ter muitos companheiros militares, que as pessoas pobres colocavam os filhos para servir o Exército para que o filho aprendesse a ser homem, porque significa que não era boa coisa dentro de casa. E esse cidadão não aprendeu nada, porque foi expulso porque ele queria fazer greve dentro dos quartéis”, afirmou o petista.
Como a Folha mostrou, aliados de Lula reconhecem a resistência de militares, alinhados a Bolsonaro, como um obstáculo a ser transposto.
Embora publicamente minimizem a necessidade de diálogo com representantes das Forças Armadas ainda na pré-campanha, colaboradores do ex-presidente admitem preocupação com a falta de canais com militares, especialmente os da ativa.
Ainda em sua fala no evento deste sábado, o ex-presidente defendeu aumentar o leque de alianças em torno de sua pré-candidatura.
“Não é possível a gente imaginar que a gente pode recuperar esse país sozinho. É importante que a gente tenha a sabedoria de trazer junto conosco todas as pessoas que democraticamente querem reconstruir o país.”
O petista também voltou a dizer que o Brasil era feliz quando “a polarização era entre o PT e o PSDB”, porque era uma “disputa civilizada”.
“Depois de Bolsonaro que saudade dos debates com o Alckmin, com o Serra, com o Fernando Henrique Cardoso, porque a democracia prevalecia naquele momento”, afirmou.
Lula participou do ato em Aracaju ao lado do senador Rogério Carvalho (PT), pré-candidato ao Governo de Sergipe.
O petista estava acompanhado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que será seu vice na chapa presidencial, da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, e da socióloga Rosângela da Silva, a Janja, mulher de Lula.
Em seu discurso, Alckmin voltou a criticar as declarações de Bolsonaro sobre as urnas eletrônicas dizendo que ele não está desconfiado das urnas, mas que ele não confia no “voto do povo, porque sabe que não merece um segundo mandato”.
O ex-governador disse ainda que o Brasil tem pressa para que Lula volte à Presidência afirmando que Bolsonaro “tirou o Brasil do mapa do mundo e incluiu no mapa da fome”.
O senador Jacques Wagner (PT), o deputado federal Marcio Macedo (PT), a presidente do PC do B, Luciana Santos, a vice-governadora de Sergipe, Eliane Aquino, e o presidente do PSB em Sergipe, Valadares Filho, também participaram do evento.
Lula cumpriu agenda em cidades no Nordeste nesta semana. Ele esteve em Maceió na sexta (17) e em Natal na quinta (16). No Rio Grande do Norte, participou de ato no qual Alckmin foi vaiado por seus apoiadores.