O clima está mesmo tenso com relação aos indígenas e o tal do marco temporal. O grande temor das nações originárias, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha o marco temporal para a ocupação das reservas — que vai a julgamento na próxima quarta-feira —, é a explosão da violência entre ruralistas e indígenas e um crescimento das disputas judiciais entre os dois lados. Essa preocupação foi manifestada, ontem, na conversa que algumas lideranças que estão acampadas na Esplanada dos Ministérios.
Apenas 1,6% da perda de florestas e vegetação nativa no Brasil, entre 1985 e 2020, ocorreu em terras indígenas, segundo levantamento feito por pesquisadores da iniciativa MapBiomas, que reúne ONGs, universidades e empresas de tecnologia. Após analisar imagens de satélite do período usando recursos de inteligência artificial, concluíram que os territórios indígenas já demarcados ou aguardando demarcação foram os que mais preservaram suas características originais.
“Se queremos ter chuva para abastecer os reservatórios que provêm energia e água potável para consumidores, indústria e o agronegócio, precisamos preservar a Floresta Amazônica. E as imagens de satélite não deixam dúvidas: quem melhor faz isso são os indígenas”, explica o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo.
Enquanto isso, a área de agropecuária cresceu em cinco dos seis biomas brasileiros. O crescimento da área ocupada por atividades agropecuárias, por outro lado, foi de 44,6% entre 1985 e 2020. Juntas, agricultura e pecuária ganharam 81,2 milhões de hectares no período. Essas atividades cresceram em cinco dos seis biomas brasileiros, com exceção da Mata Atlântica.