Pré-candidato à Presidência da República nas eleições de outubro, Sergio Moro (Podemos) não gostou da nota divulgada pela Polícia Federal (PF) para rebater acusações feitas por ele sobre o trabalho do órgão no combate à corrupção.
Em entrevista à rádio sergipana Rio FM reproduzida pelo jornal O Globo, nesta quarta-feira (16), o ex-juiz classificou o comunicado como “inapropriado” e afirmou que a atual direção da PF, chefiada por Paulo Maiurino, “não representa o que pensa o resto das pessoas”.
“Essa nota não é da Polícia Federal, é da atual direção da PF. Eu tenho um grande respeito pelos delegados, agentes, escrivãos, peritos, todos os servidores. Tenho um grande respeito pela instituição. A direção atual não representa o que pensa o resto das pessoas”, disse Moro. “Nunca vi a direção da PF querer interferir em eleição. Achei inapropriado”, acrescentou.
Na nota oficial, a PF afirmou que Moro fez “descabidos ataques” e mentiu ao dizer que hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção. “O ex-ministro não aponta qual fato ou crime tenha conhecimento e que a PF estaria se omitindo a investigar. Tampouco qual inquérito policial em andamento tenha sido alvo de ingerência política ou da administração”, diz trecho. A PF diz ainda que Moro “confunde, de forma deliberada, as funções da PF” e afirma que “o papel da corporação não é produzir espetáculos”, mas sim “conduzir investigações, desconectadas de interesses político-partidários”.
Na rádio, nesta quarta (16), o ex-juiz voltou a criticar a atual gestão da Polícia Federal, que segundo ele reduziu o número de prisões por corrupção. “O fato real, e isso é inegável, isso não sou só eu que digo, são matérias que têm saído nos jornais de que prisões feitas pela PF por corrupção estão no menor patamar em 14 anos. Não é só uma questão de quantidade, é uma questão de quem está sendo preso. Prendeu o bagrinho da corrupção, isso sempre teve. A grande corrupção, os grandes tubarões, não está tendo prisão nenhuma”, declarou, afirmando ainda que “infelizmente” o governo Bolsonaro “interferiu na autonomia da PF e a PF não está tendo possibilidade de trabalhar”.