Em sua viagem a Macapá (AP) na última sexta-feira, 14, o presidente da República, Jair Bolsonaro, teve encontro com o ex-jogador do Flamengo Leonardo da Silva Moura, o Léo Moura. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o instituto que leva o nome do ex-atleta recebeu R$ 41,6 milhões nos últimos dois anos por indicação de políticos aliados do Palácio do Planalto. Mais de um terço (36,5%) do valor foi enviado via orçamento secreto, prática usada pelo governo para destinar bilhões de reais de dinheiro público a um grupo de parlamentares em troca de apoio no Congresso. O mecanismo, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em maio de 2021, é criticado pela falta de transparência e de critérios na alocação das verbas.
Fotos de Bolsonaro e Léo Moura juntos no Aeroporto Internacional de Macapá foram publicadas nas redes sociais pelo chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Célio Faria Júnior. Bolsonaro e o ex-atleta aparecem conversando em um vídeo, mas não é possível ouvir o que eles disseram porque não há som. Em meio ao aumento de casos de covid-19, nenhum dos dois usava máscara de proteção.
Os padrinhos dos pagamentos à ONG de Léo Moura são, principalmente, o deputado bolsonarista Luiz Lima (PSL-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Senado. Questionados, ambos defenderam a importância do projeto e negaram irregularidades.
O investimento de R$ 41,6 milhões em uma ONG é considerado descomunal por especialistas em gestão esportiva ouvidos pelo Estadão. O Ministério da Cidadania, ao qual a Secretaria Especial do Esporte está vinculada, diz que os recursos foram indicações de parlamentares, com execução obrigatória, ou seja, sem que o governo pudesse escolher para quem enviar.