O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, entraram em campo, ontem (18/8), para tentar pacificar a relação entre os Poderes, estremecida pelos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Judiciário. Em reuniões separadas, os dois se encontraram com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, para enfatizar a importância de se manter o diálogo e pedir que o magistrado remarque o encontro dos chefes dos Três Poderes.
Fux cancelou a reunião no início deste mês, depois que Bolsonaro intensificou os ataques ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as ameaças à realização das eleições de 2022. Ontem, após receber Pacheco, o magistrado disse que avalia remarcar o encontro. “Apesar do cancelamento da reunião, o diálogo dos Poderes nunca foi interrompido. Como presidente do STF, sigo dialogando com todos os representantes de todos os Poderes. Sem prejuízo a uma nova reunião, a questão será reavaliada”, afirmou o magistrado, na sessão de ontem da Corte.
Após deixar o STF, Pacheco disse que ambos concordaram ser necessário “evitar o radicalismo, evitar o extremismo e darmos lugar ao diálogo que busque pacificar, que busque unir, não necessariamente concordar sempre, mas ter, sobretudo, esse respeito às divergências”. O presidente do Senado disse, também, que o diálogo é fundamental para que os Poderes possam convergir em torno de uma pauta propositiva para o país. Porém, ressaltou que essa interlocução só é possível em um ambiente de respeito aos preceitos democráticos. “O ambiente para essa pauta propositiva é a democracia, e a democracia não pode ser aviltada, a democracia não pode ser questionada da forma como vem sendo questionada no país”, frisou Pacheco. Segundo ele, a conversa com o presidente do Supremo foi “muito importante, necessária e que eu considero que possa ser o início de uma relação positiva entre os Poderes para aquilo que interessa às pessoas que estão nos mais diversos rincões do país, que precisam, realmente, de uma pacificação, de um exemplo de homens públicos no Brasil, para podermos ter uma pacificação nacional”.
Segundo Pacheco, impeachment não é o remédio indicado para uma crise institucional e, sim, o diálogo. “Tanto o impeachment de ministro do Supremo quanto o de presidente da República. É preciso ter um filtro muito severo em relação a esses pedidos, que não podem ser banalizados”, ressaltou.
Horas depois do encontro com Pacheco, Fux recebeu Ciro Nogueira, também com pedido de remarcação da reunião. Numa rede social, o ministro da Casa Civil escreveu: “No encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, consenso sobre o que une a todos: Executivo, Legislativo e Judiciário. O Brasil, o nosso futuro, a harmonia entre os Poderes, sintetizados no símbolo que a nossa Constituição”. O texto é acompanhado de uma foto dos dois segurando, juntos, um exemplar da Carta Magna.