Foto: Reuters / BBC News Brasil/
Foi a primeira vez que o Irã realizou ataques diretos contra o território de Israel. Os dois inimigos estão envolvidos há anos numa guerra paralela (shadow war). O Irã vinha usando as chamadas forças “por procuração” (proxy) — ou seja, usando terceiros na disputa, evitando assumir um confronto direto.
Os militares israelenses disseram que Israel e outros países interceptaram mais de 300 mísseis de cruzeiro e drones, a maioria fora do espaço aéreo israelense.
Ao expressar forte condenação pelo ataque, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que “ajudamos Israel a derrubar quase todos” os mísseis e drones.
“O Irã e os seus representantes que operam a partir do Iêmen, Síria e Iraque lançaram um ataque aéreo sem precedentes contra instalações militares em Israel”, disse Biden.
O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) do Irã disse que o ataque visava “alvos específicos”.
O Irã havia prometido retaliar um ataque ao seu consulado na Síria, no primeiro dia de abril, que matou sete oficiais do IRGC, incluindo um general. O Irã acusou Israel de realizar esse ataque, mas Israel não o confirmou, nem negou.
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Após o ataque, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que “juntos venceremos”, mas não está claro qual será a resposta de Israel.
O presidente Biden disse ter reafirmado “o firme compromisso da América com a segurança de Israel”.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), contra-almirante Daniel Hagari, disse que alguns mísseis iranianos atingiram o interior de Israel, causando pequenos danos a uma base militar, mas sem vítimas.
O serviço de ambulância de Israel disse que uma menina beduína de sete anos foi ferida por estilhaços de destroços na região sul de Arad.
Hagari disse que o ataque em larga escala foi uma “grande escalada” e disse que Israel e seus aliados operaram com força total para defender Israel.
Em um comunicado separado, ele disse que o Irã disparou mais de 300 projéteis contra Israel durante a noite, 99% dos quais foram abatidos. Ele acrescentou que alguns dos lançamentos chegaram do Iraque e do Iêmen.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que “muito poucos danos foram causados”, mas alertou que “a campanha ainda não terminou” e disse que Israel deve “permanecer alerta”.
Duas autoridades dos Estados Unidos disseram à CBS, emissora norte-americana parceira da BBC, que as forças americanas derrubaram vários drones, mas não especificaram onde ou como foram interceptados.
O Ministério da Defesa do Reino Unido disse que os jatos de sua força aérea (RAF, na sigla em inglês) foram usados no Iraque e na Síria para interceptar “quaisquer ataques aéreos dentro do alcance das nossas missões existentes”.
Sirenes soaram em Israel e fortes explosões foram ouvidas em Jerusalém, com sistemas de defesa aérea derrubando objetos sobre a cidade.
O IRGC do Irã disse ter lançado o ataque “em retaliação contra os repetidos crimes do regime sionista [Israel], incluindo o ataque ao consulado da embaixada iraniana em Damasco”.
O presidente Biden encerrou mais cedo que o previsto uma viagem a Delaware para retornar à Casa Branca enquanto as tensões aumentavam no sábado (13/4).
Depois de falar com Netanyahu, Biden disse que convocaria “meus colegas líderes do G7 para coordenar uma resposta diplomática unida ao ataque descarado do Irã”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, condenou o ataque “irresponsável” do Irã, prometendo que o Reino Unido “continuaria a defender a segurança de Israel e de todos os nossos parceiros regionais”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, emitiu um comunicado dizendo que “condenou veementemente a grave escalada representada pelo ataque em grande escala lançado a Israel” pelo Irã.
Ele pediu “uma cessação imediata dessas hostilidades” e que todas as partes exercessem a máxima contenção. “Nem a região nem o mundo podem permitir-se outra guerra”, alertou.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá, neste domingo (14/3), para uma reunião de emergência sobre o ataque do Irã a Israel, disse sua presidente, Vanessa Frazier.
No início desta semana, os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros de Israel alertaram que se o Irã atacasse Israel, Israel contra-atacaria dentro do Irã.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, major-general Mohammad Bagheri, disse à televisão estatal que a resposta do Irã seria “muito maior do que a ação militar desta noite se Israel retaliar contra o Irã”, segundo a Reuters.
Ele acrescentou que os EUA foram avisados para não apoiar uma resposta israelense.
*Com reportagem adicional de Laurence Peter, Emily Atkinson e Doug Faulkner.