Técnico Dorival Júnior faz balanço de 1 mês e meio na CBF

Foto: Glauber Guerra / CBF/

Após um mês e meio à frente da Seleção Brasileira, o técnico Dorival vai acumulando novas experiências e estendendo o intercâmbio com treinadores e jogadores de grandes clubes do Brasil e do exterior. Tem feito várias observações, aproveitou bastante o giro recente pela Europa para aprofundar seus conhecimentos e estabeleceu um canal mais direto com profissionais de vários setores, notadamente com atletas que estão no radar da Seleção.

Também no Brasil, Dorival e sua equipe têm assistido a várias partidas de campeonatos estaduais e regionais. Ele vai assim pavimentando o caminho para a escolha dos convocados que vão compor sua primeira lista como técnico da Seleção Brasileira.

Nesta entrevista à CBF, Dorival conta um pouco da sua rotina desde o início do ano e realça seu objetivo de levar a Seleção a novas alegrias e conquistas. Ele destaca a confiança na nova etapa, diz que tem uma pré-lista de 50 a 55 nomes e pede paciência aos que não estiveram na relação para os dois amistosos de março, contra Inglaterra e Espanha.

Balanço de 1 mês e meio

Num primeiro momento, houve uma adaptação a um tipo de trabalho um pouco diferente daquilo que você desenvolve num clube. Num clube, você joga e vai para o campo no dia seguinte para começar as correções. Na CBF, o trabalho é muito mais de observações, organização, um direcionamento. Temos uma relação com 50, 55 nomes de possíveis convocados, todos esses jogadores estão sendo observados, tanto nos campeonatos em andamento no Brasil como em jogos importantes fora do país.

Observações

Nós percorremos países da Europa assistindo a um número considerável de jogos. Mais importante do que isso, fomos à maioria dos treinos, tivemos um contato inicial com todos os jogadores. Quero deixar clara uma situação: são muitos nomes pré-selecionáveis, é natural que alguns estarão e outros não neste primeiro momento, mas isso não quer dizer que talvez ali na frente não venham a ter uma oportunidade. Isso vale internamente também, pois assistimos a vários jogos antes da viagem para a Europa. Temos quatro equipes que estão rodando dentro do país para observar jogadores dessa pré-lista. Posso adiantar que os jogadores em atividade no Brasil estão praticamente iniciando a temporada; os de lá fora já estão em outro momento, em outras condições. Temos também alguns afastados por causa de lesões; ou seja, os nomes mudam com frequência.

Nossa intenção maior neste primeiro momento é que os jogadores nos conheçam, buscando uma aproximação e que possamos ouvi-los também; isso na minha opinião foi muito importante. A aceitação e a maneira com que conversamos foi muito positiva; eles se soltaram muito, expondo dificuldades, problemas, não segurando nenhum assunto que fosse abordado. Estamos buscando uma conscientização inicial da responsabilidade que temos a partir do momento que estejamos aqui; até porque são jogadores importantíssimos em seus clubes e que serão ainda mais à frente da Seleção Brasileira, vestindo a nossa camisa e tentando fazer com que a gente recupere esse momento pelo qual a gente está passando.

Encontros com treinadores na Europa

É interessante a gente ver como eles respeitam, gostam e admiram e acompanham o futebol brasileiro; a grande maioria tem dados que nos mostram que realmente nós somos muito mais observados que imaginamos. O segundo ponto importante, o respeito que foi demonstrado para a comissão técnica da Seleção Brasileira. Tudo aquilo que perguntávamos, a atenção e as respostas sempre eram muito objetivas, diretas e ricas em detalhes. Foi importante para complementar essa etapa tudo aquilo que observamos em cada atleta, a movimentação nos treinamentos … e depois fechando com a possibilidade de estarmos presentes na maioria dos jogos, isso foi fundamental, adiantamos muito boa parte de tudo aquilo que imaginávamos. Essa troca com os atletas, em que pontuei a cada um que não estava ali para uma convocação inicial, que todos estavam sendo ouvidos para dar início a um processo, para que futuramente possamos ter mais e mais dados de cada um deles e que nos momentos de definições procuremos errar o mínimo possível, tendo uma deia do que queremos implementar a e das características de cada um deles.

Contato com Jogadores

Eu acredito numa manutenção de um trabalho, numa fase seguinte a tudo aquilo que vinha sendo desenvolvido na CBF. Não posso cortar bruscamente, eu não posso modificar bruscamente, tenho que tentar fazer o que sempre fiz nos clubes … aproveitar ao máximo possível os trabalhos deixados pelos últimos profissionais que aqui estiveram; isso nos deixa adiantados com relação a uma formação. Quando você chega onde tudo preciso passar por um recomeço, é muito complicado e não é isso que quero fazer. Nós temos uma estrutura de equipe, que já veio de Copas anteriores, cada um teve sua oportunidade inicial, temos uma equipe muito boal, precisamos encontrar o reencontrar o caminho de uma equipe que nos passe e ao torcedor uma segurança, uma certeza um pouco maior … é tudo que nós queremos que aconteça. Por isso, é importante deixar que todos se sintam muito confortáveis pelo que estão desenvolvendo nos seus clubes. Não quero ter que colocar um jogador fora das características do que vem apresentando; ele pode até jogar numa posição um pouco diferente, mas mantendo as características do que vem apresentando. Por isso a conversa com os treinadores foi muito importante, mas é um processo moroso e que demanda tempo.

 

Primeira Convocação

Não existe profissional em área nenhuma que não tenha uma ansiedade natural para uma tomada de decisão, a partir de uma nova situação, uma nova condição em seu trabalho. Sempre buscamos o equilíbrio, para que nosso trabalho seja movido e motivado pela harmonia. Talvez o nosso maior desafio aqui seja criar uma readaptação ou adaptação, e ela precisa ser rápida para que encontremos aquilo dentro do que imaginamos: a melhor equipe possível para esses dois amistosos iniciais (contra Inglaterra e Espanha). Vamos tentar fazer o nosso melhor e já passar de início uma boa impressão para o nosso torcedor.

Enfrentar seleções fortes

É o ideal, e é natural estejamos vivendo uma certa insegurança, incerteza, uma desconfiança geral em razão desse instante pelo qual estamos passando. Mas a Seleção Brasileira se reinventa, tem jogadores de muito bom nível, se encontrarmos um caminho entre as individualidades e aquilo que eles podem produzir coletivamente, de repente podemos acelerar ainda mais essa recuperação. Talvez tenhamos dificuldades no início. Nada vai acontecer por acaso. Demanda trabalho, tempo, acima de tudo. Que os que venham para cá venham muito focados e muito preparados, porque o objetivo maior está ali na frente. E a nossa preparação demanda tempo, ações e acima de tudo correções, vamos tentar fazer isso, diminuir esse tempo de adaptação para encontrar rapidamente um caminho de estabilidade e de uma regularidade.

Reestruturação das Seleções Masculinas

Temos grandes profissionais no nosso pais, que, talvez, se tivessem uma possibilidade lá fora com certeza desenvolveriam ótimos trabalhos. Aqui dentro há excelentes profissionais, Rodrigo Caetano e Juan são dois grandes exemplos e eles começam a completar a nossa comissão. São dois profissionais de altíssimo nível, percorreram trechos importantes de suas carreiras justamente passando por dificuldades e encontrando soluções para problemas difíceis e garantindo ótimos resultados em suas equipes de trabalho.

O que o torcedor pode esperar da primeira convocação

Geralmente não vai satisfazer a todos os torcedores, todos estão na expectativa de uma primeira convocação. Estou levando em conta muitas coisas, estamos com campeonatos em andamento, estamos num início de temporada daqui, mas nem por isso estamos nos virando para os jogadores no Brasil. Peço um pouco paciência, que se não estiverem nessa primeira, não quer dizer que já estejamos definindo uma convocação para a própria Copa América ou para amistosos subsequentes. Ao contrário, muita coisa pode acontecer … existe um dinamismo muito grande. A Seleção é do povo brasileiro. Não é a seleção do Dorival. Uma seleção que, espero, possa começar a resgatar essa confiança de todos nós em vermos novamente o Brasil proporcionando bons espetáculos, jogos consistentes e principalmente retomando a confiança do nosso torcedor, que é o maior objetivo de todos nós.

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