O Brasil está classificado para as oitavas de final da Copa do Mundo do Catar antecipadamente. Depois de vencer seus dois compromissos até agora, chegou as seis pontos e só “cumprirá tabela” contra Camarões, na próxima sexta-feira. Para o técnico Tite, isso é fruto de todo o processo realizado desde o início do ciclo, após o fim do Mundial em 2018, na Rússia.
“Quem venceu hoje foi o processo, tempo de quatro anos de construção, de utilização de atletas para que eles possam desenvolver, ter naturalidade, mesmo jovens, senão é muito difícil. O processo venceu hoje, afora o trabalho todo, mas ele consolida isso. E aí estão as qualidades técnicas individuas. Em outras circunstâncias foi o Martinelli, o Neymar, o Danilo… E nisso está inserido o Rodrygo, que é um grande jogador”, iniciou em coletiva de imprensa, explicando o motivo de ter colocado o camisa 21 no início do segundo tempo.
Quando questionado sobre Casemiro, autor do gol que deu a vitória para a Seleção, ele disse concordar com uma postagem feita por Neymar momentos após o término do duelo – o camisa 10, que está lesionado, postou “Casemiro é o melhor volante do mundo há muito tempo” em seu Twitter.
“Eu tenho por hábito respeitar opiniões e não comentar opiniões, mas essa vou me permitir, eu concordo com ele (Neymar)”, disse aos risos.
Ainda falando sobre Casemiro, Tite e Cesar Sampaio falaram sobre o posicionamento do jogador, que acertou um belo chute de trivela e estufou as redes.
“Como primeiro meio-campista eu não era volante, o Cesar pode falar (risos). Você tem um jogador que faz o pivô central, e as jogadas se apresentando, ele chega como elemento surpresa vindo de trás. O Casemiro estando lá é facilmente marcado, mas ele chegando de trás, vai finalizar”, disse o treinador.
“Na fase defensiva é a referência para a linha de quatro. Ele faz essa gestão deixando sempre esse primeiro filtro. Na fase ofensiva tem o apoio curto para os outros dois do meio, e ele também tem essa virtude do chute de média distância, que é um diferencial da posição”, complementou Cesar Sampaio.
Com o resultado desta segunda-feira, o Brasil é o líder do grupo G, com seis pontos em dois jogos, seguido por Suíça (três), Camarões (um) e Sérvia (um). Na última rodada da fase de grupos, o Brasil enfrenta a seleção africana, enquanto Sérvia e Suíça duelam entre si, ambos os jogos na sexta-feira, às 16h (de Brasília).
Cumprindo tabela ou não, Sampaio afirmou que ainda não é hora de pensar na escalação do próximo duelo. “Vamos desfrutar da classificação, uma classificação dura, um jogo que exigiu muita concentração. Até brincamos que era um jogo de xadrez, onde todas as peças tinham que ser muito bem analisadas antes de qualquer ação. Hoje é esse momento, depois tem toda uma reavaliação física e fisiológica como é padrão, para aí sim pensar no próximo adversário”, finalizou.
Abraço no filho Matheus Bachi
“Todo mundo sabe que sou, por excelência, humanista. Antes do atleta existe o ser humano. Eu sou assim, tem gente que se identifica, outros que não. E tenho um grande profissional ali do meu lado. Sei da sua qualificação, afora que tenho a felicidade, tal qual o Ancelotti acho que tem o filho dele como auxiliar, outros grandes músicos têm filhos músicos ao lado… Eu tenho a felicidade de ter um grande profissional e um filho que eu amo do lado. Foi por isso”.
Paquetá
“Foi uma opção tática. Às vezes, o jogo te pede algumas coisas, temos que ter a capacidade de ler o jogo. (Foi) Um jogo muito difícil. A Suíça foi a melhor defesa das eliminatórias europeias. É um estilo de jogar diferente da Sérvia, que propõe mais o jogo na bola triangulada. A Suíça abaixa mais e fala assim: ‘erra, que eu vou criar minhas oportunidades’. Com bons jogadores. O Embolo, o Xhaka, o lateral direito são muito bons jogadores, o goleiro tem qualidade com o pé, faz uma dupla sobra, dificultando nossa pressão. O Paquetá estava em condições normais, se não estivesse, não usaríamos. O jogo pediu uma outra possibilidade, aí a entrada do Rodrygo”.
Militão na direita
“Você tem dois jogadores com diferentes características. Um de imposição, eu digo que ele tem turbo, consegue chegar na frente com uma consistência de marcação muito forte. O outro um articulador, um exímio construtor, que é o Dani (Alves). Entendemos estrategicamente, até porque também a Suíça trocou o Shaqiri, colocando dois de lado de velocidade para explorar o contra-ataque. Então, você tem que ter um jogador de lado para dar consistência. Essa foi a ideia de ter um jogador para conter os jogadores de lado. Dele, do Dani, do Danilo, eu estou muito em paz quanto a isso”.
Jogo sem o Neymar
“O sistema se mantém mesmo trocando nomes. Existem três variáveis que utilizamos, e vocês são sabedoras dela. Primeiro jogo sem Neymar… Vocês escolheram a estrela hoje, o Casemiro, né? A equipe faz a estrela. Claro que o Neymar tem atributos diferentes. Ele, em um momento mágico, dribla e clareia, ele tem essa qualidade. Outros jogadores estão neste processo para atingir o nível, tomara que atinjam. Então, sente, sim, sente a falta do Neymar. O poderio da equipe sente, mas temos atletas que podem dar conta do recado. Bruno Guimarães, Antony e Gabriel Jesus entraram muito bem. O Telles que entrou em um momento difícil, quando o Alex Sandro sentiu a perna, o adutor. Essa força da equipe, que tecnicamente contribui, ajuda o time. Os atletas que entram têm ajudado o time”.