Exportações de carne bovina batem recorde em agosto

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O Brasil exportou um total de 230.199 toneladas de carne bovina em agosto, o que equivale a uma receita de 1,26 bilhão de dólares, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). Esses são os maiores valores já registrados na série histórica, que começou em 1997. O volume e receita representam, respectivamente, um crescimento de 8,6% e 15,8% em relação ao mesmo mês de 2021, quando foram exportadas 211.887 toneladas da proteína, com uma receita de 1,175 bilhão de dólares.

Para o médico veterinário e consultor em projetos pecuários Fernando Velloso, o mercado internacional aquecido ajuda a estabilizar os preços da proteína, uma vez que a demanda no mercado doméstico está em baixa. Mas a expectativa é de que a situação também melhore internamente nos próximos meses. “A conjuntura aparentemente é de que estamos indo para um melhor momento econômico,o que vai incrementar o consumo de proteína, que responde muito a pequenas melhorias na renda da população”, explica Velloso. Segundo ele, isso ocorre porque, ao primeiro sinal de melhora na renda, o consumidor interno troca os suínos e aves por carne bovina, que representa não só alimentação, mas também satisfação.

Esse aumento nas exportações representa uma tendência dos últimos 10 anos. “A exportação vem aumentando ano a ano, mês a mês, é uma evolução contínua”, diz Velloso. O consultor explica que isso ocorre porque há um crescimento constante no volume de produção, o que deixa o Brasil sempre na primeira ou segunda posição mundial em exportações.

Outro fator que faz do Brasil um exportador importante são os bons controles sanitários e cadeia produtiva organizada, em especial em um momento em que o mercado internacional se preocupa ainda mais com a sanidade animal. “Independentemente do destino, todos os países exigem essa questão da sanidade animal, e depois da pandemia isso se tornou ainda mais presente”, detalha o consultor.

De acordo com Velloso, mesmo que o Brasil ainda seja reconhecido mundialmente por oferecer grandes volumes de carne, e não produtos com qualidade distinta (como, por exemplo, a Argentina e o Uruguai), o mercado doméstico para carnes especiais, ou premium, está crescendo. “Existe uma elite que consegue consumir essa carne com alto valor agregado, é um consumidor brasileiro que está mais disposto a pagar”, comenta. Para ele, se o Brasil aumentar a produção desse tipo de carne, o mercado externo tende a se interessar mais.

É nesse mercado que o Rio Grande do Sul se diferencia do resto do Brasil, uma vez que o Estado tem produção mais forte das raças Angus e Hereford, que se desenvolvem melhor no frio e têm carne mais macia, além de ter gado criado em pasto, que produz carne de melhor qualidade, de acordo com Velloso. Para ele, os gaúchos poderiam explorar melhor esse diferencial na exportação.

Para 2023, o consultor descreve um cenário incerto e de apreensão, uma vez que vai haver mudanças no governo, seja qual for o resultado das eleições. “Há uma dúvida, uma expectativa em relação a como os governos vão tratar a questão. O mais importante é que o governo entenda a importância do agro”, finaliza.

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