Sem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), um novo manifesto em defesa da democracia – que deve ser divulgado no início de agosto – já reúne quase 3 mil assinaturas de personalidades, representantes de setores da economia e da sociedade civil, e pede respeito ao resultado das eleições, ao processo eleitoral e às urnas eletrônicas.
Entre os signatários do documento – organizado pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e entidades da sociedade civil – estão os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, ambos do Itaú; Guilherme Leal, da Natura; Horácio Lafer Piva, da Klabin; Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda; Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, além de acadêmicos, juristas e artistas.
O texto afirma que o Brasil “está passando por um momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”.
E sai em defesa das urnas eletrônicas ao dizer que “o processo de apuração no país tem servido de exemplo no mundo, com respeito aos resultados e transição republicana de governo”.
Conclui que “no Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários”, afirmando que “ditadura e tortura pertencem ao passado”.
O movimento foi impulsionado pela reunião de Bolsonaro com embaixadores em Brasília, na qual o presidente colocou em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral.
Artistas
O 342 Artes, movimento liderado pela produtora, empresária e ex-atriz Paula Lavigne está reunindo assinaturas da classe artística. Conta com 56 nomes, conforme íntegra divulgada pelo site Poder 360, e inclui os das atrizes Débora Bloch e Alessandra Negrini, do apresentador Cazé Peçanha e da chef de cozinha Bel Coelho.
Também assinam os cantores e compositores Chico Buarque e Arnaldo Antunes, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o ex-jogador de futebol Walter Casagrande.
O manifesto recebeu o nome de “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”. Será lido pelo ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello em evento realizado em 11 de agosto, no Pátio das Arcadas do Largo de São Francisco.
“Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão”, diz o documento, que não cita diretamente Bolsonaro.