O rendimento médio mensal dos brasileiros caiu em 2021 para o menor valor em dez anos: R$ 1.353, cerca de 100 reais abaixo do que era em 2020. E a proporção de pessoas que têm algum renda também recuou para 59,8%, outro recorde negativo da série histórica. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua divulgada nesta sexta-feira (10) pelo IBGE
A queda no rendimento ocorreu em todas as regiões do Brasil, mas foi mais acentuada no Nordeste, que também teve o menor valor: R$ 843 mensais.
Outra redução registrada, de 6,1%, foi na renda média recebida por trabalhos, que ficou em R$ 2.476.
De acordo com a analista da pesquisa Alessandra Scalioni Brito, um dos fatores que explicam esse movimento é a recuperação das vagas perdidas em 2020 ter ocorrido principalmente na informalidade.
A alta da inflação também explica o único aumento ocorrido, nos rendimentos provenientes de aluguel e arrendamento, que subiram 3,7%, já que os contratos normalmente são reajustados com base em índices que acompanham a subida dos preços.
Já o valor médio de outras remunerações, o que inclui os programas de transferência de renda, chegou ao seu menor patamar em 2021, depois de cair mais de 30%. A quantia de R$ 512 é bem abaixo dos R$ 732 recebidos, em média, no ano anterior.
O percentual de domicílios atendidos pelos programas sociais foi outro que caiu, de 23,7 para 15,4%. A explicação, de acordo com a analista da Pnad, está nos cortes no auxilio emergencial.
O resultado é que a metade da população com os menores rendimentos recebeu, em média, R$ 415 no ano passado, menor quantia da série histórica. E apesar de todas as faixas terem sofrido perda de renda, ela foi mais acentuada nas classes baixas. Os 5% com menor remuneração, que somam cerca de 20 milhões de brasileiros, viveram com menos de R$ 40 por mês em 2021, o que é quase a metade do estimado em 2012.
Por outro lado, quem estava no topo da pirâmide, perfazendo os 1% mais ricos, recebia, em média, 38,4 vezes mais do que metade da população. O aumento do fosso entre ricos e pobres também se reflete no Índice de Gini, um indicador global de desigualdade, que subiu de 0,524 para 0,544 em um ano. Quanto mais longe do zero, pior a situação do país.
Edição: Vitória Elizabeth/ Renata Batista