Por suspeita de superfaturamento, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou nesta segunda-feira (23) o Tribunal de Contas da União (TCU) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a abertura de investigações sobre a compra de caminhões de lixo pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
As representações foram encaminhadas pelo parlamentar após reportagem do jornal O Estado de São Paulo identificar pagamentos inflados pelos veículos, chegando a uma quantia de R$ 109 milhões. Segundo a reportagem, a compra e a distribuição de caminhões para pequenas cidades saltaram de 85 para 488 veículos de 2019 para 2021 e, até agora, o governo já destinou R$ 381 milhões para essa finalidade.
Em alguns casos, algumas cidades que receberam os veículos passarem a ter menos lixo do que caminhões para recolhê-lo, enquanto em outros houve a diferença de 30%, ou R$ 114 mil, no preço de veículos iguais, comprados em um intervalo de apenas um mês. Nas redes sociais, o caso foi apelidado de “Bolsolão do lixo”.
A distribuição de caminhões compactadores de lixo é usada por senadores, deputados e prefeitos para ganhar a simpatia e o voto dos eleitores de pequenas cidades.
‘Sou centrão’
A compra de caminhão compactador de lixo disparou em 2020, logo depois que o Centrão tomou conta do governo Bolsonaro. Foi no mandato do atual presidente que órgãos como a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e, principalmente, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) intensificaram a aquisição dos veículos.
Ao longo do governo, foram licitados 1.048 caminhões compactadores de lixo pelas empresas controladas por apadrinhados do Centrão. O número saiu de 85 em 2019 para 510 em 2020 – um aumento de 500%.