O Ministério das Relações Exteriores informou hoje (26) que o governo brasileiro acompanha com preocupação a situação em Burkina Faso. Na última segunda-feira (24), o Exército do país anunciou que derrubou o presidente Roch Kabore, suspendeu a Constituição, dissolveu o governo e a Assembleia Nacional e fechou as fronteiras.
Por meio de nota, o Itamaraty destacou que o governo brasileiro conclama as forças políticas do país ao diálogo amplo, pacífico e democrático, “com vistas à rápida restauração da ordem constitucional”.
“Apela também a que se garanta a integridade física do presidente Roch Marc Christian Kaboré e a segurança de todos os burkinabés”, concluiu o comunicado.
Entenda
Assinado pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba e lido por outro oficial na televisão estatal de Brukina Faso, o anúncio do Exército dizia que a tomada do poder foi realizada sem violência e que os detidos estavam em local seguro. A declaração foi feita em nome de uma entidade chamada Movimento Patriótico para Salvaguarda e Restauração (MPSR na sigla em francês).
Burkina Faso, um dos países mais pobres da África Ocidental, apesar de ser produtor de ouro, sofreu vários golpes desde a independência da França, em 1960.
União Europeia
Também hoje, a União Europeia (UE) condenou o golpe de Estado em Burkina Faso que, segundo o bloco, provocou “a queda de um presidente eleito” e pediu a volta imediata à ordem constitucional.
O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, lamentou, em comunicado, a suspensão da Constituição e das instituições por membros das Forças Armadas e manifestou respeito pelas instituições republicanas.
“A UE faz um apelo à calma e à concórdia de todos os atores e pede a libertação imediata de todas as pessoas detidas ilegalmente, a começar pelo presidente Kaboré”, afirmou.
ONU
Ontem (25), a alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu a “libertação imediata” do presidente de Burkina Faso.
“Pedimos aos militares que libertem imediatamente o presidente e outros funcionários que tenham sido detidos”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do gabinete de Bachelet, em entrevista em Genebra.
Segundo ela, Bachelet lamenta a tomada do poder pelos militares e “apela ao rápido regresso à ordem constitucional”.
*Com informações da Reuters e da RTP.
Edição: Paula Laboissière