“Mesmo usando a farda, a gente também é ser humano. Sentimos profundamente o que cada um, cada família daquela, está passando naquele momento.” A declaração é do coronel Miguel de Almeida Filho, diretor-superintendente de Proteção e Defesa Civil da Bahia, um dos órgãos que atuam no resgate de famílias afetadas pelas fortes chuvas em cidades do sul, extremo sul e sudoeste do estado. Os temporais já provocaram 20 mortes e causaram estragos em 116 dos 417 municípios baianos.
“É um sentimento assim, até difícil de narrar, de interpretar. A gente se comove, mas temos que cumprir a nossa missão e buscamos fazer da melhor maneira possível”, acrescentou Almeida Filho, em entrevista na manhã desta terça-feira (28), ao Jornal da Bahia no Ar, da Rádio Metropole.
O coronel afirma que, embora seja um trabalho árduo, a resposta tem sido dada de maneira eficiente pelo Corpo de Bombeiros da Bahia, que conta com o apoio de profissionais de outros estados. “A demanda chega aqui, na central de demandas. Aí todas as demandas que são encaminhadas à central são direcionadas para quem vai atender. No caso de socorro, quem está atendendo são o Corpo de Bombeiros e o Grupamento Aéreo [Graer]”, explicou.
Segundo ele, o poder de convencimento para que as pessoas deixem seus imóveis precisa funcionar. “As pessoas jamais querem sair dos seus imóveis, sua área de conforto. Mas, naquele momento, elas não estão em uma situação confortável, mas em situação de risco e precisam sair. Então esse trabalho é feito a cada ocorrência que nós buscamos atender. É feito um trabalho quase minucioso para que a gente convença as pessoas a saírem. Algumas entendem”, detalha.
O superintendente afirmou que o trabalho realizado conjuntamente com as demais equipes também tem sido efetivo. “Nós trabalhamos com uma ferramenta que é utilizada em todo o mundo. Chama-se Sistema de Comando de Incidentes e, através do Sistema de Comando de Incidentes, a gente consegue agregar todas as forças que vão chegando, todos os recursos disponibilizados que nós solicitamos, quando chega ao gabinete de crise, eles são colocados cada um dentro da sua missão. Cada órgão trabalha dentro das suas especialidades. Isso é bem distribuído e cada uma faz a sua obrigação dentro da sua esfera de competência, trazendo os resultados”, disse.
Questionado sobre a defasagem nos dados da tragédia — como número de pessoas e cidades afetadas, feridos, desabrigados e desalojados—, Almeida Filho fez um apelo para que os municípios repassem todas as suas demandas com mais precisão. “Isso é muito importante para que a gente possa estar atendendo melhor a todos os municípios”, pediu o Coronel, ao se referir a números que devem subir quando forem atualizados.