Maioria dos brasileiros diz, querer evitar reunião com pessoas de fora de casa no fim de ano, aponta Datafolha

Mesmo com a melhora nos números da pandemia de coronavírus, a maioria dos brasileiros diz que deve evitar viajar e se reunir com pessoas de fora de casa nas festas de fim de ano. Segundo pesquisa Datafolha, 62% declaram que não pretendem se reunir com moradores de outros domicílios no Natal e Réveillon.

O levantamento foi realizado entre os dias 13 e 16 de dezembro, com 3.666 entrevistas em 191 municípios por todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Embora minoritária, a disposição de festejar com pessoas de fora da residência é consideravelmente maior do que a de um ano atrás –ela é declarada por 38% dos entrevistados ante 25% na comparação com a pesquisa Datafolha de dezembro de 2020.

Naquele momento, o número de mortes por Covid aumentava rapidamente, com média móvel semanal de mais de 700 óbitos, e o pior momento da pandemia do país ainda estava por vir.

Atualmente, a média móvel de mortes está em queda, no patamar de 130.

Mesmo com a ressalva de que os dados deste mês estão afetados pelo ataque hacker ocorrido nos sistemas governamentais, a cobertura vacinal de mais de dois terços da população com imunização completa transmite maior segurança do que a situação do Natal e no Réveillon de 2020, quando ninguém estava imunizado no país.

Primeira brasileira a ser vacinada contra a Covid no país, a enfermeira Mônica Calazans só recebeu a injeção no braço em janeiro de 2021.

Agora, a proteção com duas doses ou dose única é, segundo especialistas, pré-requisito para os encontros de fim de ano.

Embora a circulação do coronavírus tenha dado sinais de arrefecimento no país, a presença da variante ômicron e de uma cepa de gripe não coberta pela vacina deste ano, a H3N2, aumentam a preocupação com os eventos.

A conjuntura levou cidades como São Paulo, sob gestão Ricardo Nunes (MDB), a cancelar a festa de Réveillon.

No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou o cancelamento da festa após orientação do comitê de especialistas do estado, mas voltou atrás e manteve a queima de fogos em dez pontos da cidade, como Copacabana.

Como a imunização não elimina 100% a chance de transmissão, embora a reduza, é preciso atenção a medidas adicionais de precaução para quem for a eventos públicos ou privados.

Comemorar em lugares ventilados e com máscara na maior parte do tempo também são importantes para se prevenir tanto contra o coronavírus como contra a gripe H3N2.

A realização de um teste rápido antes de eventual encontro pode oferecer ainda uma camada adicional de proteção.

Mesmo com a circulação do coronavírus e do H3N2, quase 1 em cada 4 entrevistados pelo Datafolha (24%) diz que pretende viajar no fim do ano para passar festas com a família, visitar parentes ou ir a algum local a lazer.

No ano passado, o índice ficava em 15%.

A disposição de viajar é consideravelmente maior entre homens (28% contra 20% das mulheres), jovens (33% da faixa de 16 a 24 anos) e pessoas com renda familiar mensal acima de dez salários mínimos (46%).

Em relação à intenção de passar as festas com pessoas de fora do domicílio, uma das maiores diferenças aparece quando se observa o nível socioeconômico.

Apenas 30% daqueles com renda até dois salários pretendem encontrar moradores de outros lares, índice que sobe para 45%, 49% e 50% nos demais segmentos (respectivamente os de de 2 a 5 salários mínimos, de 5 a 10 e mais de 10).

Outros indicadores reforçam a constatação de que passar as festas de fim de ano com amigos e familiares é privilégio de quem não sente fome.

Enquanto 49% daqueles que informam ter em casa mais comida do que o suficiente dizem que pretendem encontrar pessoas de fora, apenas 29% dos que têm menos comida que o suficiente relatam o mesmo.

Também há variação considerável entre homens e mulheres –42% deles afirmam que pretendem encontrar pessoas com quem não moram juntos, ante 33% delas–, entre jovens e mais velhos (45% ante 30%), entre os mais instruídos e menos instruídos (49% ante 28%) e entre os que aprovam e reprovam o governo do presidente Jair Bolsonaro (44% ante 36%).

De forma geral, os indicadores são coerentes com os verificados em outros levantamentos sobre medidas de proteção na pandemia.

Em regra, por exemplo, mulheres tendem a ter mais medo de pegar a Covid e maior adesão a medidas como o uso de máscaras.

Maioria trabalha presencialmente Se nas festas de fim de ano os brasileiros demonstram ainda viver a realidade pandêmica, a esfera profissional já se aproxima do chamado velho normal.

Segundo o Datafolha, 82% dos entrevistados estão trabalhando presencialmente, 12% em casa, e 6% em regime híbrido.

Dos que ainda não voltaram presencialmente, 3% retornarão em breve, 8% não têm previsão, e 1% não sabe.

O índice de trabalhadores em regime totalmente presencial é maior entre assalariados registrados (92%), entre os funcionários públicos (91%) e também entre aqueles com renda de 2 a 5 salários mínimos (86%, contra 74% dos mais ricos).

Já o retorno híbrido é mais comum entre os trabalhadores com ensino superior –11% voltaram dessa forma, ante 4% daqueles com nível fundamental.

A concentração de trabalhadores menos escolarizados no setor de serviços pode ajudar a explicar a diferença, uma vez que muitas atividades da área não podem ser realizadas de forma remota.

Sondagem com 4.000 empresas realizada recentemente pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) mostrou que a maioria delas avaliou que a adoção do home office não alterou a produtividade, nem para mais nem para menos na média.

Segundo a pesquisa, um dos segmentos em que o trabalho remoto foi mais bem avaliado é o de tecnologia da informação, no qual um terço dos funcionários seguia atuando de casa na época do levantamento, em setembro.

O setor, em regra, tende a empregar trabalhadores mais escolarizados.

Mesmo com o avançado estágio do retorno ao velho normal no mundo do trabalho, a maior parte dos brasileiros avalia que a rotina ainda vai se transformar em 2022.

Para 35% ela irá mudar muito, para outros 35%, um pouco, para 28% não mudará, e 3% dizem que não sabem.

A expectativa de grande mudança é maior entre os mais jovens (47%), o que pode ser explicado em parte pela consolidação da volta de atividades presenciais em escolas e universidades, e entre os evangélicos (40%, ante 31% dos católicos e 29% dos espíritas).

Os que mais avaliam que a rotina não vai ser outra são os mais velhos (42% daqueles com 60 anos ou mais) e os mais ricos (41%).

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