No domingo (12), a Globo usou o ‘Fantástico’ para protestar contra a agressão a jornalistas durante visita de Jair Bolsonaro à área atingida por enchentes na Bahia. Por 6 minutos, as âncoras Poliana Abritta e Maria Júlia Coutinho fizeram o relato do episódio e cobraram, em nome da emissora, o posicionamento de algumas instituições.
“Uma equipe da TV Bahia, afiliada da Globo, foi agredida por seguranças e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro”, informou Maju. Poliana contou que repórteres da TV Aratu, afiliada do SBT, também foram atacados. Uma jornalista chegou a ser agarrada pelo pescoço por um segurança da comitiva presidencial.
Na caçamba de uma caminhonete, Bolsonaro assistiu à confusão e chegou a pegar no braço de um segurança exaltado na tentativa de acalmá-lo. “Se bater de novo (o microfone nas costas), vou enfiar a mão na tua cara”, ameaçou o agente, dedo apontado aos jornalistas.
Descontrolado, um político da cidade de Itamaraju puxou os braços de repórteres na tentativa de pegar os microfones. No tumulto, um dos aparelhos foi danificado e a pochete de uma repórter acabou arrancada da cintura dela. Após a confusão, um integrante da segurança pediu desculpas às equipes de TV.
Maju lembrou que o Supremo Tribunal Federal foi acionado em novembro pela Rede Sustentabilidade a fim de proibir Bolsonaro de “atacar ou incentivar ataques verbais ou físicos à imprensa e aos profissionais da área”. Pede-se ao STF que determine multa de R$ 100 mil por cada manifestação agressiva que o presidente venha a ter.
Relatada pelo ministro Dias Toffoli, a ação aguarda para ser julgada pelo plenário da corte. Não há data prevista. A Advocacia Geral da União, que defende Bolsonaro, se colocou contra a ação. O governo afirma que o presidente não incentiva a violência a jornalistas e não pode ser responsabilizado pela hostilidade contra a imprensa.
“As agressões deste domingo mostram que já passou da hora de a Procuradoria Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo”, leu Maju. “A imprensa cumpre um direito inscrito na Constituição e deve ter a sua segurança garantida.”
De maneira enfática, a Globo apontou a culpa de Bolsonaro. “Se os seguranças agem por conta própria, a Presidência deve ser responsabilizada por omissão. Se agem seguindo ordens superiores, a Presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas”, disse Maju.
Além disso, é escandalosa a atitude da Presidência de deixar jornalistas à própria sorte em meio a apoiadores fanáticos, que são insuflados quase diariamente pelo próprio presidente em sua retórica contra o trabalho da imprensa”, afirmou Poliana. “Frente aos evidentes e graves riscos enfrentados por repórteres de todos os veículos, é urgente que o Judiciário se pronuncie.”
O ‘Fantástico’ lembrou a agressão a repórteres diante da embaixada do Brasil em Roma, na Itália, em 31 de outubro, quando tentavam entrevistar Jair Bolsonaro e foram vítimas da brutalidade de seguranças. O correspondente da Globo, Leonardo Monteiro, contou ter levado um soco na barriga de um agente da comitiva.
A partir dos protestos de rua de 2013, as equipes externas da Globo e GloboNews se tornaram alvos frequentes de gritos de protesto, ameaças verbais e até agressões físicas. O clima hostil ficou pior com a ascensão de Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Ele vê a emissora líder em audiência como seu maior inimigo na mídia. Seus partidários e apoiadores engrossam o coro contra a TV da família Marinho.
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