Na Bahia, o mês de novembro vem mantendo a tradição em reafirmar a luta e a resistência do povo negro. No teatro Castro Alves (TCA), na noite desta segunda-feira (8), aconteceu a sexta abertura oficial do Novembro Negro. O evento realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretária de Promoção de Igualdade Racial (Sepromi), diferente do ano passado, que por conta da pandemia foi realizado de maneira virtual, seguiu os protocolos sanitários, com limitação de público, e contou com a apresentação de peças da campanha institucional contra o racismo e homenagens a personalidades que contribuíram com a implementação de políticas afirmativas no estado.
Com o tema “Com racismo não há Democracia”, o evento foi transmitido ao vivo pela TVE e contou com os shows do bloco afro Ilê Aiyê, DJ Belle, Gerônimo, Bando de teatro Olodum que animaram o público presente no teatro.
No discurso de abertura do evento, a secretária de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis, homenageou todos os ex-secretários da pasta, além de ressaltar os 15 anos de políticas afirmativas na Bahia, único estado que preserva uma Secretaria específica para tratar da questão racial. “Novembro negro traz ao TCA o conjunto das ações realizadas pelo governo do estado, numa ação transversal que já perdura 15 anos de promoção da igualdade racial, em parceria com nossos colegas secretários e secretárias, através do nosso conselho e com o apoio dos movimentos sociais baianos. Hoje, o espetáculo tem um sabor especial, essa emoção de celebrar a vida. Na oportunidade, vamos celebrar também os termos de formalização do edital “Década Afrodescendente”, que vai minorar os efeitos econômicos da pandemia em nossa população negra”, ressaltou a secretária.
Na ocasião, foi firmada parcerias da ordem de R$ 3 milhões para projetos voltados ao fortalecimento econômico da população negra e comunidades tradicionais. O edital “Década Afrodescendente” contemplou 23 projetos, entre eles o do cantor e mestre de capoeira Tonho Matéria, que acredita que ações como essa são capazes de transformar a vida de toda uma comunidade. “A gente consegue transformar a nossa comunidade quando uma Secretaria atua no sentido de dialogar com os seus, para trazer políticas públicas e promover ações afirmativas para nossos jovens e famílias negras de comunidade”, afirmou Tonho.
Durante as homenagens prestadas, o primeiro presidente da Fundação Palmares, Carlos Moura, recebeu o prêmio Mérito da Igualdade Racial. In Memorian, Luiza Bairros, ex-ministra chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil, entre 2011-2014, recebeu homenagem póstuma. Presente no evento, a sobrinha de Luiza agradeceu o reconhecimento à luta contra a desigualdade racial que sua tia travou durante toda a vida.
A também ex-ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, foi mais uma homenageada. Matilde acredita que a cultura e os movimentos negros baianos transcendem a barreira do estado. “A data de 20 de novembro, dia nacional da Consciência Negra, se proliferou pelo Brasil como uma marca que hoje é comemorada em todos os espaços públicos e privados. A Bahia, por ser um estado culturalmente muito forte, do ponto de vista da cultura africana, uniu as duas coisas, traz o resgate da história e a comemoração da luta e da vivacidade dos movimentos negros no Brasil, transformando o 20 de Novembro num marco de mobilização que extrapola o estado”, afirmou Matilde.
O mês de novembro tem se tornado referência para atividades em torno do movimento da consciência negra, que é celebrado no dia 20. Este dia relembra a morte de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo dos Palmares que foi assassinado em 1965, além de reconhece o legado de Zumbi, Maria Quitéria, Carlos Marighella, Dandara, Luiz Gama e entre outros lutadores negros.
Ao longo do mês estão previstas ações culturais intensas voltadas ao tema. A agenda está disponível no site da Sepromi (www.sepromi.ba.gov.br).
Repórter: Leiliane Fláu