Estudo identifica bairros mais vulneráveis para Covid-19

Por Davi Valadares

Falta de infraestrutura, habitação precária e predomínio de população negra e pobre. Essas são algumas das características comuns dos bairros em Salvador com maiores fatores de risco para disseminação da Covid-19. Dados preliminares do novo Índice de Vulnerabilidade Epidêmica (IVE), criado por um grupo de pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), mostram que os dez bairros com maiores índices de vulnerabilidade para a doença na capital são, em ordem decrescente, Cassange, São Tomé, Alto das Pombas, Nova Esperança, Pero Vaz, Calçada, Fazenda Coutos, Sete de Abril, Santo Antônio e Alto da Terezinha.

“As regiões que concentram grande percentual de pessoas com baixa escolaridade, negros, maior número de pessoas por domicílio, menor percentual de água tratada, coleta de lixo, infraestrutura e habitação precária apresentaram os maiores índices de vulnerabilidade”, explica o estudo coordenado pelo professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, Márcio Natividade. “Esta distribuição sinaliza a presença de marcantes desigualdades relacionadas às condições de vida e saúde, que precisam atenção especial da administração pública, mesmo no planejamento de estratégias para a prevenção e controle de epidemias”, alertou o coordenador do projeto. Para a pesquisa, foram analisados os fatores de risco de 155 bairros de Salvador.

Segundo ainda aponta o levantamento, a maioria dos bairros da capital baiana apresenta heterogeneidade para vulnerabilidade epidêmica, com riscos que variam de intermediário a alto. Os pesquisadores sugeriram também que os resultados podem evidenciar os riscos para outras doenças transmissíveis com forte marcador social de vulnerabilidade. Conforme o mesmo estudo, no entanto, os bairros que recebem mais investimentos públicos e possuem melhor infraestrutura urbana e acesso a serviços, os riscos para Covid-19 diminuem. Itaigara, por exemplo, é o bairro estimado com a menor vulnerabilidade para a doença em Salvador, seguido de Amaralina, Narandiba, Centro, Doron, Resgate, Patamares, Pituba, Cajazeiras II e Caminho das Árvores.

Prefeitura 

Procurada pela Tribuna da Bahia para comentar o estudo e indicar possíveis medidas nos bairros mais vulneráveis, a Prefeitura disse, por meio de nota, que está analisando detalhadamente os dados para avaliar a necessidade de possíveis ações complementares a serem tomadas no enfrentamento à pandemia. Disse ainda que desde o início da pandemia, a administração municipal esteve atenta aos números do coronavírus na cidade para adoção de medidas que oferecessem assistência à saúde e iniciativas que evitassem o aumento do número de casos na cidade.

“A Prefeitura adotou, dentre outras iniciativas, medidas de restrição das atividades, que contribuem para o distanciamento social, e promoção de ações de proteção à vida nos bairros com maior número de casos, a exemplo de Brotas, Pituba, Pernambués, Liberdade e Plataforma, que envolveram higienização de vias, oferta de testes rápidos e serviços de assistência social. Mesmo com o número de casos da Covid-19 atualmente em queda, com índice de ocupação de leitos de UTI em 23, a administração municipal continua monitorando os casos do coronavírus na cidade diariamente. Caso seja notado um crescimento em alguma dessas regiões informada no estudo, iniciativas como as ações de proteção à vida serão retomadas imediatamente para reduzir a circulação do vírus. As ações de fiscalização para o cumprimento das determinações do decreto municipal de enfrentamento à pandemia prosseguem sem interrupções”, finaliza a nota.

Foto: Romildo de Jesus

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