Cerca de uma semana desde que o governo do Afeganistão se rendeu e o grupo extremista Talibã tomou o poder no país, o Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, registra cinco brasileiros vivendo na região. Desses, dois manifestaram interesse em retornar ao Brasil para fugir da situação em que o Afeganistão se encontra.
De acordo com o Itamaraty, a assistência do consulado brasileiro tem como prioridade a vinda das duas pessoas, que não tiveram a identidade revelada. Segundo o ministério, desde que o governo afegão se rendeu, o Itamaraty divulgou, amplamente, os contatos da Embaixada do Brasil em Islamabad, no Paquistão, e da Divisão de Assistência Consular, para “identificar e apoiar brasileiros que precisem urgentemente de auxílio.” O Brasil não possui embaixada no Afeganistão, por isso a assistência está sendo feita por meio do Paquistão.
Os dois brasileiros que desejam vir ao Brasil serão trazidos por meio de uma coordenação diplomática do Itamaraty com países que fazem operação de resgate no território do Afeganistão. Além disso, o governo brasileiro estuda a possibilidade de conceder “vistos humanitários para pessoas afetadas pela situação política” no país. A ideia é que seja algo semelhante aos vistos para haitianos e as pessoas afetadas pelo conflito na Síria.
O grupo extremista Talibã causa medo em grande parte da população, porque já governou o país entre 1996 e 2001. A lei islâmica, chamada Sharia, foi interpretada por eles de forma extremista e, com isso, o grupo implantou, no Afeganistão, um sistema judicial violento, impositivo e com grandes restrições, principalmente para as mulheres, incluindo penas como morte, tortura e mutilações.
As tropas dos Estados Unidos ocuparam o Afeganistão, em 2001, depois do ataque do grupo terrorista Al Qaeda às torres gêmeas, em Nova York. Acusado de dar abrigo ao grupo terrorista que assumiu o atentado, o Talibã perdeu espaço para os militares americanos que ocuparam o país. Isso durou quase 20 anos, até que os militares dos Estados Unidos se retiraram do Afeganistão, em junho deste ano, dando espaço para a volta do Talibã ao poder. A saída das tropas americanas do Afeganistão gerou inúmeras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disse não saber qual vai ser o desfecho do país, com a chegada do Talibã.
Edição: Raquel Mariano / Beatriz AbreuUM