Representantes de quase 200 países aprovam acordo global pelo clima na Conferência da ONU

Chegou ao fim a COP26. Apesar de algumas suavizações nos termos do acordo e um pedido de mudança de última hora, pela 1ª vez, o documento prevê a redução gradativa dos subsídios aos combustíveis fósseis e do uso do carvão. COP26: representantes de quase 200 países aprovam acordo global histórico pelo clima
Representantes de quase 200 países aprovaram neste sábado (13) um acordo global pelo clima. Os correspondentes Rodrigo Carvalho e Paulo Pimentel acompanharam o encerramento da Conferência das Nações Unidas, em Glasgow, na Escócia.

O “Pacto Climático de Glasgow”, nome dado ao acordo assinado, não é um texto perfeito. Muito longe disso. Os próprios países reconhecem. ONGs e ativistas queriam palavras mais contundentes neste texto final, mas, como disseram alguns negociadores, é o texto possível, aquele que deu para entregar. E que aponta para caminhos importantes.

O martelo só foi trabalhar à noite. Depois de um longo dia de negociações ao pé do ouvido, os quase 200 países aprovaram o acordo político da COP26, mas não venderam fácil essa decisão. Antes do anúncio, vários representantes pediram a palavra para deixar registrada a decepção com o documento.
Do primeiro rascunho, divulgado na quarta-feira (10), para o texto final, algumas palavras mais contundentes foram ficando pelo caminho. A maior frustração foi ver a promessa de “eliminação gradual” da queima de carvão ser enfraquecida em cima da hora. Virou “redução gradual”.

A defesa da mudança envolveu países como a China, maior consumidor mundial de combustíveis fósseis; a Índia, outro grande consumidor; e os Estados Unidos, maior produtor mundial.
Mesmo frustrados, os negociadores decidiram seguir em frente porque identificam pontos essenciais no texto. Por exemplo, foi a primeira vez na história que o carvão, o pior combustível fóssil para gases de efeito estufa, ganhou atenção num documento desse.
Presidente da COP26, o britânico Alok Sharma lamentou o desenrolar da Conferência
Reprodução
O presidente da COP26, o britânico Alok Sharma, disse que lamentava profundamente a forma como a Conferência tinha se desenrolado.

“Compreendo tanta decepção, mas também acho que é vital proteger esse texto que conseguimos”, disse Sharma.
O acordo fala também que limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação ao período pré-industrial exige grandes cortes nas emissões.

Pelo texto, até 2025 os países desenvolvidos devem no mínimo dobrar o repasse de dinheiro para as nações em desenvolvimento enfrentarem a crise climática. São os países pobres que mais sofrem os efeitos do aquecimento do planeta.

Pouco antes da sessão que formalizou o acordo, o embaixador Paulino de Carvalho, negociador-chefe da delegação brasileira, falou ao vivo à GloboNews e celebrou o avanço da COP26 em relação ao mercado de carbono.
Esse ponto, conhecido como art. 6 do acordo de Paris, era uma das pendências mais complexas e importantes. É uma cláusula que permite que os países que reduzem emissões para além de suas metas vendam créditos pra outros governos.

“O Brasil pode ser, sem dúvida, um grande beneficiário disso. Acho que essa foi uma vitória importante que nós conquistamos aqui”, disse Paulino de Carvalho.
O acordo final em Glasgow passa a ser uma espécie de texto-base para enfrentar a crise climática, mas não tem peso de lei. Os países nunca são obrigados a cumprir as promessas firmadas nessas conferências, mas, claro, é uma decisão política relevante, acompanhada no mundo todo.

“Movimentação política muito grande. Acho que um engajamento muito grande de países, mas ainda assim com um caminho enorme, uma lacuna enorme entre a recomendação da ciência, a emergência pela qual a gente passa, e a expectativa daqueles que mais sofrem com as mudanças climáticas”, disse Carlos Rittl, especialista em Politicas Publicas da Rainforest Foundation.

Pouco depois da confirmação do acordo, a ativista sueca Greta Thunberg escreveu:
“A COP26 acabou. Aqui está um breve resumo: blá, blá, blá. O verdadeiro trabalho continua fora daqueles corredores. E nunca vamos desistir. Nunca”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o mundo precisa “entrar em modo de emergência”, já que o acordo não foi longe o suficiente. E mandou um recado para jovens indígenas e ativistas.
“Eu sei que vocês estão decepcionados, mas o caminho do progresso nem sempre é uma linha reta.”

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